Prevenção ao Suicídio – Prof. Edílson dos Reis

Prevenção ao Suicídio – Prof. Edílson dos Reis

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* Essa é uma transcrição da entrevista realizada em 04 de janeiro de 2022, em que o professor Bruno Marini entrevista com o Prof. Edílson dos Reis.

 

Introdução

Bruno Marini

Muito bem pessoal estamos aqui com o professor Edilson dos Reis, que leciona o curso de prevenção ao suicídio na UFMS; ele também leciona bioética no curso de medicina, e é Capelão do Hospital Universitário.

Hoje nós vamos sempre estar o professores sobre um assunto muito interessante que é justamente sobre o curso que leciona, que diz respeito à prevenção ao suicídio.

E essa entrevista ela vai ficar disponível em nosso canal e vários várias turmas do curso de direito e até mesmo uma turma do curso de administração também vai ter acesso a essa entrevista, bem como o público em geral.

E desde já, professor Reis, nós gostaríamos de agradece-lo por colaborar conosco. Tenho certeza que você vai nos trazer informações muito importantes sobre esse assunto sensível. Desde já muito obrigado

Edilson dos Reis:

Nós que agradecemos a oportunidade professor, de trazermos uma reflexão de um tema tão complexo, mas atual, que necessita urgentemente ser falado, não ser escondido como no decorrer dos anos foi tratado o suicídio, a prevenção ao suicídio, como algo que é proibido, que não pode se falado.

Hoje mais que nunca devemos tratar esse assunto com maior gravidade e principalmente um fator técnico e científico

 

 

Leia a entrevista:

Bruno Marini – A primeira pergunta que gostaria de lhe fazer quanto as estatísticas, se existem estatísticas referentes ao suicídio tanto no Brasil quanto aqui no nosso estado no Mato Grosso do Sul?

Edilson dos Reis – Os dados eles são tabulados anualmente pelos municípios. Cada município no Brasil, pelas unidades básicas de saúde, passa os dados estatísticos para as secretarias municipais, as secretarias municipais encaminham para a Secretaria Estadual, a Secretaria Estadual de Saúde encaminha para o Ministério da Saúde, e Ministério da Saúde junto com o Ministério da Justiça a cada dois anos lança o Mapa da Violência, que são o número de mortalidades no Brasil, e posteriormente esse material encaminhado para a Organização Mundial de Saúde, onde são tabulados os dados estatísticos suicídio no mundo, então para você ver que os dados começam no município e chega a nível de mundo, e no mundo a Organização Mundial de Saúde estabelece alguns números assustadores – a cada 20 segundos uma pessoa comete suicídio, então somamos aí quase 1 milhão e meio de pessoas que cometem suicídio anualmente. No Brasil, nós estamos aí entre o 8º país do mundo com alta taxa de suicídios por 100 mil habitantes; Mato Grosso do Sul no último boletim de dados estatísticos demonstra que nós estamos no terceiro estado brasileiro com alta taxa de suicídio por 100 mil habitantes.

E a própria Organização Mundial de Saúde, e o próprio Ministério da Saúde estabelecem alguns dados muito alarmante, porque quando um suicídio é registrado, cinco outras tentativas de suicídio são subnotificadas. E quando um suicídio é registrado alguns números chegam a calcular que 20 tentativas ocorrem. Então para você ver que falta ainda dados, mas os números são alarmantes e o mais preocupante é que a faixa etária que mais cresce no mundo é a faixa etária dos 5 anos de idade aos 29 anos de idade, mas a taxa de pessoas que cometem suicídio é na faixa etária dos 65 anos acima. No Brasil a faixa etária que mais comete suicídio são a dos idosos acima de 65 anos de idade.

 

Bruno Marini – O suicídio é mais comum em homens ou mulheres? Ou não tem tanta variação?

Edilson dos Reis – Os dados demonstram que os homens são campeões no dado consumado, e as mulheres são campeãs nas tentativas de suicídio. As mulheres elas usam muito mais métodos menos eficazes como veneno, medicamento. E a mulher ela propensa a quando passar mal, pedir o socorro. Já o homem não, o homem vai mais pela impulsividade, e utiliza métodos mais letais como o enforcamento e arma de fogo.

 

Bruno Marini – E geralmente qual o comportamento de uma pessoa que está tentando suicídio? É possível identificar alguns sinais visíveis? É possível identificar algo que nos ajude a prestar ajuda a essa pessoa?

Edilson dos Reis – Os dados e os estudos demonstram que o suicida tem duas características, vai variar, ele é biológico e comportamental. Fatores biológicos e comportamentais que causam a desordem mental sobre o indivíduo, o sujeito.

Mas, uma das orientações que nós sempre damos é – mudança de comportamento: sinal de alerta. O indivíduo mudou de comportamento, sinal de alerta. Por que? O indivíduo que muda o comportamento, deixa de fazer afazeres que ele fazia antes prazerosos corta família, com os colegas, com os amigos; e ele se torna isolado socialmente, falha na família, até mesmo abandonando as pessoas sociais é um sinal de alerta.

O outro sinal de alerta é o que esse indivíduo está falando – falando na sua oralidade, postando em redes sociais, porque hoje a rede social é um divã aonde o indivíduo coloca as suas angústias, suas dores, aonde ele é ouvido nas redes sociais.

Então dois níveis de comportamento muito preocupantes de uma pessoa que está com intenção suicida – mudança de comportamento e o que que ele está falando na sua oralidade e postando em redes sociais.

 

Bruno Marini – Se uma pessoa ela fala diretamente para mim o para alguém que está pensando em se suicidar , qual que deveria ser a atitude? O que que nós deveríamos fazer?

Edilson dos Reis – a primeira atitude é levar a sério, ninguém acorda dizendo hoje eu vou me matar, vou falar com alguém que vou cometer suicídio. Isso vem decorrendo do tempo, do fator biológico e comportamental que este indivíduo está vivenciando sua vida. Então se ele falou para alguém ou postou em rede social que ele está pensando em se matar, leve a sério

Segundo não substitui o ato, não incentiva, acolha esse indivíduo, a sua dor, a sua demanda, acolher sem julgamento, ouça e incentive o mesmo a procurar uma ajuda especializada. Qual é a ajuda especializada? Ajuda especializada ela começa na unidade básica de saúde de triagem, ali com a enfermagem quem não tem plano de saúde, quem tem na triagem já diz o que está sentindo, o que o levou ali, para que possa ter um apoio, mas um apoio especializado de médico, preferência psiquiatra, e de um psicólogo este credenciado, registrado, no Conselho Regional de Psicologia da sua unidade, do seu Estado, do município.

Eu vou falar algo aqui muito sério, a gente precisa debater isso com mais seriedade. Coaching não é psicólogo e nem psiquiatra. Coaching é uma pessoa que tem uma formação, isso é nítido, está especializado em palestras, governo das relações interpessoais, mas não em estrutura de comportamento, da estrutura do aparelho psíquico do indivíduo. Isto é atribuição da enfermagem, isso é atribuição da medicina, da psicologia, e até mesmo do serviço social, que vai entender e compreender, e fazer um trabalho multidisciplinar. Aí vem o papel dos religiosos, os religiosos nas sua denominações tem o papel de acolher, mais também de encaminhar ao profissional de saúde especializado

 

Bruno Marini – E se eu estiver presenciando uma tentativa de suicídio? A pessoa está começando a tentar se suicidar , qual deve ser a minha atitude?

Edilson dos Reis – A primeira atitude, jamais, nunca se aproxime dessa vítima, dessa pessoa, desse sujeito. Pode ser seu pai, sua mãe, seu irmão, seu namorado, sua namorada, seu amor, jamais se aproxime. Por que? Porque ele está fora de si, ele está com comportamento de alta lesão contra ele, e ele pode te ferir, te machucar para se defender ou então em busca do seu intuito. Regra número um, primeira coisa ligue no telefone 193 do Corpo de Bombeiros ou 190 da Polícia Militar, que lá eles tem pessoas especializadas, técnicas, materiais, toda uma estrutura da negociação com essa pessoa, mas jamais, nunca se aproxime. E enquanto o socorro não vem da parte do corpo de bombeiros ou da Polícia Militar, estabeleça um diálogo, mas, distante, mas só uma pessoa fala. Não fique “calma”, não fique repetindo “calma”, deixa a pessoa, a fala primordial é “eu me importo com você”, eu estou aqui que eu me importo com você, só isso. Não fique falando “calma”, não faça isso que vai causar irritabilidade na pessoa, ela vai ficar agressiva e se voltar contra você, portanto nosso concelho, jamais, nunca se aproxime da vítima, tenta segurar esta vítima, porque você não sabe se ela tem uma arma de fogo, uma arma branca, que pode fazer uma faca, um punhal, ou uma bomba, ou gasolina, ou alguma coisa, você não tem conhecimento, então jamais se aproxima da vítima.

 

Bruno Marini – O pensamento suicida ele é um problema de saúde mental ou ele pode ser uma coisa circunstancial na pessoa?

Edilson dos Reis – Bom, aí nós temos que entender a estrutura desse indivíduo, o que leva a isso. Aquilo que eu disse inicialmente, o suicídio ele pode ser dividido em biológico ou comportamental social, então o que ocorre, os fatores biológicos demostram ausência de serotonina, a questão dos transtornos mentais como depressão que tem que ser diagnosticada, a depressão é uma doença severa,  persistente, incapacitante, e pior de tudo a depressão ela é sistêmica, ela é progressiva. São quase quarenta e sete tipos de depressão que vão se dividir em breve, severa, moderada e crônica, para estabelecer uma qualidade de vida aí que entra o medicamento indicado por um psiquiatra, isso é uma questão biológica, o psiquiatra ele vai ofertar a terapia química para esse indivíduo, para estabelecer o humor, para que ele tenha qualidade de vida. No Brasil, infelizmente as pessoas não tem a cultura do tratamento medicamentoso indicado por psiquiatra, nós abandonamos os tratamentos, de dez pessoas que cometem suicídio, sete interromperam o tratamento, seja ele medicamentoso ou psicólogo, portanto aí vem os transtornos mentais, depressão, transtorno bipolar, agressividade, esquizofrenia, alcoolismo, droga, maconha – é uma porta de entrada para drogas mais pesadas, alcoolismo, tudo isso na questão biológica. A questão comportamental, a estrutura do lar, da família desse indivíduo.

Então é uma questão circunstancial que a pessoa vem trazendo, e também comportamental sim, ela se divide nisso, mas tem como ser evitado quando faz um tratamento precoce, um diagnóstico pelo psiquiatra, médico de preferência psiquiatra ou psicólogo. Tendo o diagnóstico, inicia-se o tratamento. Por que esses dois profissionais? O psiquiatra, o médico de preferência, vai tratar o que? Vai tratar a questão da comorbidade, vai tratar a situação circunstancial desse indivíduo, já o psicólogo vai tratar a causa, o que está causando, porque esse indivíduo quer esse desejo de matar, aí vem angústia, vem as questões familiares, infelizmente muitos casos que tem aprendido, acompanhado, a origem é a estrutura familiar que ocorre ali, aquela questão comportamental. Então o psicólogo vai tratar a causa e o psiquiatra o comportamento.

 

Bruno Marini – No que diz respeito ao suicídio Infantil existem estatísticas se está ocorrendo um aumento? E quais seriam as principais causas que levariam a esse comportamento entre crianças e até mesmo pré-adolescentes?

Edilson dos Reis – Os números são alarmantes, a própria Organização Mundial da Saúde estabelece que a faixa etária que mais cresce é dos cinco anos de idade aos 29 anos de idade, mas o número muito maior está entre os 8 anos de idade aos 22 anos de idade. É a faixa etária mais produtiva, mais vivenciada, mas por que? Porque nós não estamos estabelecendo um canal de diálogo com essa criança, e existem alguns discursos, existem algumas coisas muito interessantes que, disciplina é o caminho do sucesso, a ausência de disciplina, princípio do fracasso, o que a gente estabelece nisso, hoje a criança ela vem de um lar, não existe lar desestruturado, existe lar com ausência de limites e falta de relacionamento e transferência de afeto, isso é muito nítido, pela própria estrutura da família, de se organizar, dos pais, então o pai e a mãe tem que ter uma presença constante nesta formação da personalidade,  do caráter desta criança, com diálogos franco, fraterno, e acolhedor. Uma das receitas que eu dou, é eu vou falar uma coisa, amor não tem efeito colateral, quanto mais amor melhor dentro do lar, mas um amor com limites, um amor com exercício da palavra “não”, a criança oito meses de idade, ela já entende o limite e o “não”.

O não é pedagógico porque isso? Porque hoje nós estamos criando uma geração de crianças e adolescentes que vivem no mundo da expectativa, não tem limite tá, e o pior de tudo a age o impulsividade com tudo e todos, então isso é muito preocupante, por que? Porque uma criança que age dessa forma é um adulto que não vai saber lidar com frustrações, hoje nós temos crianças e adolescentes que não sabe lidar com frustrações, não sabe lidar com frustrações, age por impulsividade, e muitas vezes se corta, se fere, e lega ao óbito, simplesmente porque ele não foi atendido as suas necessidades que ele queria, o seu desejo não foi realizado. Para você ver que muito dos casos não é uma questão biológica, uma questão circunstancial do ambiente que esta criança convive, por isso que nós temos que ter diálogo franco, fraterno, eu sempre digo o seguinte, nós estamos conversando pela internet aqui, tudo em excesso faz mal, até o uso constante das redes sociais das crianças, porque perde o vínculo de fraternidade e ausência de fraternidade, ausência de amor, e aí que nós temos que ter. Outro fator é que muitos pais levam a criança no psicólogo, o psicólogo encaminha ao psiquiatra, e os pais não querem levar  no psiquiatra, e quando leva a criança necessita de um tratamento medicamentoso, necessita para diminuir a ansiedade, a dor, e angústia desta criança, e os pais não aderem ao tratamento medicamentoso, então é um conjunto de fatores que interagem forma complexa e leva essa criança se sentir sozinha, abandonada, e age pelo impulso.

 

Bruno Marini – Nós estamos passando pela circunstância da pandemia e em decorrência disso muito estão fazendo o isolamento social, o isolamento social, esse período da pandemia, há já algum registro, ou há por assim dizer, já foi detectado ou há alguma suspeita de aumento de suicídio em decorrência desse período?

Edilson dos Reis – Olha, pela nossas observações, os estudos eles vão demorar um pouquinho para sair, mas o que tem ocorrido é que várias pessoas da área de saúde,  segurança pública, adolescentes, jovens, estudantes estão tentando suicídio e cometendo suicídio. O que o ocorre é que esse momento que nós estamos vivendo é um momento em que nós não estávamos preparados para isso. Imagine uma casa onde as pessoas estão confiados em 3-4 cômodos, 6-7 pessoas, são familiares, pai, mãe,  filho, avó, tio, sobrinho, neto que moram ali, eles são uma família, mas não tem diálogo, eles não se conhecem, interessa isso. E mais o ambiente não é propício para um confinamento a longo prazo porque o espaço é um cubículo muito pequeno, nós estamos falando de uma dimensão de um país com dimensão Continental que o Brasil. Tem pessoas que vivem no mundo e não conhece a realidade da sociedade, e infelizmente isso ocorre.

O que a gente tem visto é que infelizmente as violências contra a mulher tem aumentado, nós temos visto alguns casos de maridos matando ex-esposas, namorada, então a estrutura das relações interpessoais estão muito conturbadas, agora alguns estudiosos já apontam o passar dessa pandemia, aquilo que a própria Organização Mundial da Saúde já estabelecia que o Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo, em estudos publicados em 2017-2018, o Brasil é dos países mais ansiosos, deprimidos no mundo, este grau de ansiedade está aí aflorando, depois nesse fase que estamos passando, muitas pessoas vão apresentar alguns distúrbios turbos mentais. Aí tem que ter um trabalho muito minucioso, uma pesquisa, dados científicos para que nós possamos estabelecer linhas de ação de conduta de acolhimento as essas pessoas, a gente pode perceber isso hoje muito nítido nos profissionais de saúde, que estão angustiados, cansados, a categoria que mais está sofrendo e ninguém fala nada é a da enfermagem, o enfermeiro e o técnico de enfermagem, são as pessoas que estão na linha de frente angustiadas, sozinhas, e muitos casos abandonadas, porque eles tem que trabalhar, se dedicar ali profissionalmente, e tem o que uma desvalorização profissional e social e financeira também. Então eu vejo os profissionais que mais estão sofrendo, que mais vão sofrer futuramente são os técnicos de enfermagem e os enfermeiros nesta batalha que estamos vivendo.

 

Bruno Marini – Gostaria que você falasse um pouquinho mais sobre o seu curso de prevenção ao suicídio né, falasse um pouquinho como que ele funciona, da grade, e também quando que será a próxima turma, se há previsão?

Edilson dos Reis – Esse curso, ele nasce uma necessidade de trabalharmos isso, porque o suicídio ainda é tratado como Tabu, ninguém pode falar e a pessoa que está sofrendo as suas dores, suas angústias, sofre sozinha porque não tem com quem falar.

Só para o senhor ter uma ideia professor Bruno. Infelizmente este é o único curso de prevenção do suicídio no Brasil com esse formato, que é presencial, com mais de 200 horas de aula, para o senhor perceber o quanto a gente precisa trabalhar esse tema com mais propriedade e as outras universidades, os centros universitários, por que? Porque o profissional são médico, enfermeiro, psicólogo, ele passa pela graduação sem saber o que que é suicídio, não tem uma disciplina que trata disso de forma eficaz. Então esse curso, ele vem trazer o que, preencher um vazio na lacuna das escolas de saúde, que não trata isso com relevância, e não é só isso, o jornalismo mesmo não trata isso, o jornalista ele é formado com temas que não posso trabalhar o suicídio e ao contrário a imprensa tem um papel fundamental de informar, e esclarecer as causas, os sintomas, e aonde procurar ajuda, então esse curso ele tem uma grade muito extensa, com muita leitura de materiais, de artigos publicados com tema, e neste curso nós tratarmos de um assunto que pouco é falado no Brasil que é a negociação com a pessoa com intenção suicida, a negociação é eficaz, só para o senhor ter uma ideia o corpo de bombeiros e Polícia Militar no batalhão especiais de Operações Especiais o BOPE tem os especialistas de negociadores, ali no BOPE nós temos os negociadores e tem duas ações né, o corpo de bombeiros e a polícia militar, e nesse curso nós damos essa ferramenta para as pessoas saberem negociar, e essa negociação não vai somente para o caso do suicídio, vai para outras atividades também, principalmente para pessoas da administração e do direito, mas esse curso ele vem trazer informações de que o suicídio pode ser evitado, como acolher, ouvir a dor do outro sem julgamento.  Porque toda a dor é insuportável quando não existe em mim, ouvir a estrutura linguística desse indivíduo, porque as palavras são cheias de significados, é destravar a dor do outro e saber que uma dor não compartilhar dói mais.

Então isso que nós tivemos que entender, é destravar e acolher esse indivíduo, tirar as pessoas que estão com dor, sofrimento, angústia do rótulo de louco, e trazer essas pessoas para o tratamento, não ficar sozinho com a sua dor, seu sofrimento, isolado, ter com quem fazer. Esse curso ele traz muitas coisas, análise de cartas e bilhetes suicidas que é muito interessante nos estudarmos isso, e principalmente a questão medicamentoso, a terapia medicamentosa que é eficaz em alguns casos de surtos, necessidade e urgência do socorro psiquiátrico dentro das unidades básicas de saúde.

 

Bruno Marini – Tem previsão de abertura do curso? Eu sei que nós estamos no período da pandemia.

Edilson dos Reis – Como um curso de quase um ano, está tudo para o ano que vem, ano que vem nós vamos ofertar aí 80 vagas novamente, esse curso ele é ofertado na faculdade de medicina na FAMED duas vezes por semana, porque nós temos atividades de campo e muita leitura. Além das aulas presenciais, nós temos seminários que os próprios alunos desenvolvem os temas e apresentam, para tirar esse Tabu de que o suicídio não pode ser falado, é o contrário, os estudos mostram que quando a gente fala, a gente demonstra aonde buscar ajuda. Eu sempre digo o seguinte da onde nós tiramos o antidoto da picada da cobra, do próprio veneno da cobra, ou seja, nós precisamos falar aonde buscar ajuda, como buscar, e porque buscar ajuda no momento de dor, sofrimento e angústia que estou passando.

 

Bruno Marini – Como o vídeo ele vai ficar postado no YouTube, então nós estamos falando da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul que fica na cidade de Campo Grande certo se alguém tiver interesse, então nessa instituição que o professor Edilson dos Reis trabalha e é nessa instituição então que ele vai lançar em 2021 uma nova Turma do curso de prevenção ao suicídio.

Quer fazer alguma consideração final, falar algo e o seu jogo é importante sobre esta temática para o público em geral?

Edilson dos Reis – Só falar uma coisa você que está passando por dor, sofrimento, angústia, e processo de culpa, lembre-se não sofra sozinho, busque um líder religioso,  fale da sua dor, procure uma unidade básica de saúde, já na triagem fala ali com o enfermeiro, técnico de enfermagem, na recepção o assistente social das unidades básicas de saúde tem um papel fundamental de acolher, são pessoas preparadas para isso, e o psicólogo ele tem uma função primordial de escuta terapêutica profissional e técnica para orientar, ele não vai aliviar, ele vai te orientar para que nós possamos ter uma estrutura da causa desse sofrimento. O medicamento ele vai amenizar a sua dor, então nós temos esses profissionais disponíveis aí. Então nós temos que entender isso.

E agradecer a oportunidade em nome do nosso reitor, professor Marcelo pela oportunidade. Eu estou ali no Hospital Universitário todas as tardes atendendo ali orientando como Capelão do Hospital Universitário, estão agradecemos aqui no nome do nosso superintendente professor Claúdio Silva, da nossa gerente de ensino e Pesquisa professora Fátima, e os pró-reitores de extensão para que a gente possa criar essa oportunidade de ofertar esse curso de prevenção do suicídio. A professora Débora ali da faculdade medicina que é uma apoiadora do nosso trabalho, para que a gente possa esclarecer e apontar possíveis caminhos e possibilidades para que uma pessoa em sofrimento buscar ajuda, lembre-se uma dor não compartilhar dói mais, procure ajuda, fala da sua dor, mas não falem em rede social, fale para pessoa, segure na mão, chore para alguém que possa te acolher.

 

Fechamento

Bruno Marini – Professor Reis, muito obrigado mais uma vez, e assim que passar esse período nós queremos ouvi-lo presencialmente lá no curso de Direito. Será uma honra recebê-lo.

Edilson dos Reis – A honra será nossa, professor Bruno para poder colaborar e aprender, porque a gente não ensina, a gente aprende. Eu sempre digo o seguinte a vaidade, o orgulho e a arrogância de pessoas que têm mestrado, doutorado, pós-doutorado, impede ele de aprender com aquele que ele acha que não pode lhe ensinar.

 

Bruno Marini – Verdade tem ditado alemão que fala que estupidez e orgulho vêm da mesma madeira, isso que você falou é verdade.

Pessoal então desfrutem desta entrevista vamos deixar disponível para vocês, e a gente deseja aí e vocês desfrutem desta entrevista já sabe mais ou menos quais são os passos e souber de alguém que necessita de ajuda, e desejamos a todos vocês que se cuidem bem nesse período.

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