O estudo sobre a modelagem de economia colaborativa empresarial vem se desenhando como uma promissora solução no combate aos altos índices de perda de insumos, serviços e manutenção de recursos para empresas de todos os portes, no nível global, alterando inclusive a forma com a qual consumimos bens e serviços na atualidade.
Ora, basta observar que a menos de dez anos sequer existiam serviços como os ofertados pelos aplicativos de transporte ou mesmo de hospedagem compartilhada. Se em um passado não muito distante éramos incentivados pelas empresas a sempre consumir mais e mais, a ter e acumular, vemos que, seja por inviabilidade de custos ou pela simples necessidade pontual, a aquisição de bens, serviços e produtos torna-se mais interessantes quando feitos de forma conjunta.
Conceitualmente, economia colaborativa trata de uma modelagem econômica baseada no compartilhamento de bens e serviços entre um conjunto de pessoas ou empresas, que precisam atender a três requisitos:
- Ter um elemento social estabelecido, capaz de promover uma conexão entre pessoas e possibilitar compartilhar itens e serviços, reduzindo o isolamento social e criando pontes entre membros de uma mesma comunidade.
- Apresentar um elemento econômico, ou seja, que justifique diminuir os custos de aquisição ou a oferta de bens e serviços, ao mesmo tempo que proporciona um maior acesso de forma compartilhada a estes itens/experiência.
- Por fim, o conceito de economia colaborativa também necessita incluir um elemento tecnológico, ou seja, o uso de todo o potencial de uma tecnologia na direção de facilitar que uma determinada demanda seja possível, fato que coloca as redes sociais e a facilidade da comunicação que a internet e as novas tecnologias vêm proporcionando.
A humanização e o processo de entendimento das organizações como elementos vivos da nossa sociedade têm feito com que este conceito seja cada vez mais comum e necessário em um nível gerencial e organizacional. Atualmente vivemos em um mundo cada vez mais limitado em recursos naturais, que vem sendo devastado pela falta de equilíbrio entre consumo, produção e distribuição de bens e serviços, o que gera distanciamento social, desigualdade entre classes e riquezas concentradas na mão de grandes companhias e pessoas.
Fato é que as organizações também começaram a entender que este pensamento precisa ser adotado de forma ampla, pois também dependem de indivíduos para atingir seus propósitos. Melhorar a qualidade de vida das pessoas, facilitando o acesso ou proporcionando serviços coletivamente viáveis traz de volta um grau de exploração de mercado sustentável, ao mesmo tempo que diminui custos e o uso de recursos.
Já é uma realidade a criação e o desenvolvimento de negócios que visam compartilhar espaços físicos para diminuir custos, como os coworkings (espaços de escritórios e salas de reunião compartilhados), a locação de equipamentos e a compra de bens e serviços que possam ser usados exatamente na proporção que cada empresa necessita.
Tais fatos acabam por encontrar no mais simples dos ensinamentos ancestrais, presente em diversas culturas, a sua solução definitiva: compartilhar. E como ensinamento me refiro não a algo místico, mas a um conhecimento repassado desde tempos inimagináveis, de geração em geração: factualmente precisamos nos preocupar com as pessoas e o ambiente ao qual estamos inseridos.
Basta olhar para o passado e para encontrar uma solução simples e ancestral para uma questão complexa e atual. De tempos em tempos, o mundo cobra de nós, seres humanos, que não esqueçamos que, mesmo com nossas diferenças, precisamos entender a necessidade e o impacto que nossas escolhas têm na vida de todos ao nosso redor.