A influência das mídias sociais na violência escolar

A influência das mídias sociais na violência escolar

bullying na escola

A tecnologia digital moderna é utilizada por mais da metade da população mundial e pode se apresentar como disseminadora e influenciadora da violência a crianças e adolescentes (Earles, 2002). Na perspectiva de saúde pública sobre a violência na mídia, Browne e Hamiltom-Giachritsis (2005) explicam que os efeitos de imagens violentas sobre as crianças podem se apresentar no bem-estar infantil, das famílias, comunidades e nos hábitos de comportamentos do espectador criança ou adolescente.

A exposição na mídia, de atos violentos ocorridos na escola, pode apresentar efeitos prejudiciais no comportamento de adolescentes. O surgimento da mídia visual, segundo Huesmann (2010), provocou mudanças na educação e nas experiências de socialização de crianças e adolescentes nos últimos anos. As crianças passaram a conviver com culturas diferentes, de sua própria família, comunidade e ficaram expostos à aparência, comportamentos e crenças de outras pessoas, que se comportam de modos diferentes. As mídias sociais permitem uma conectividade entre diferentes pessoas.

Crianças e adolescentes imitam o que veem e podem desenvolver roteiros 32 complicados para comportamentos, crenças sobre o mundo e preceitos morais de como se comportar. A exposição à violência aumenta o risco de que o observador se comporte de forma mais agressiva e violenta no futuro (Huesmann, 2010).

A mídia social é um meio popular de interação para adolescentes e jovens, e ao mesmo tempo permite que eles criem, compartilhem, troquem informações em comunidades e redes virtuais e se tornem criadores e consumidores de conteúdo compartilhado (Wong; Merchant; Moreno, 2014). McGinty et al. (2014), em estudo sobre o enquadramento da mídia de notícias sobre doenças mentais graves e violência armada nos Estados Unidos, de 1997 a 2012, apresentam que a discussão sobre tiroteios em massa na mídia mesmo abordando diversas questões podem contribuir para a violência armada, assim como videogames violentos, bullying, envolvimento com gangues, negligência e abuso infantil e doença mental grave.

Segundo as ideias desenvolvidas por Newman, Fox e Roth (2005), existem algumas condições necessárias para desencadear a violência escolar, dentre elas: (I) o aluno deve se sentir como marginal na hierarquia social da escola, sujeito à exclusão social, bullying e provocações; (II) sofrer por problemas psicológicos, como doença mental, depressão ou tendência suicida, que aumentam o impacto de sua marginalidade social; e (III) viver em uma cultura de violência.

Anderson et al. (2017) explicam que nenhum fator de risco isolado faz que uma criança ou adolescente se comporte de forma agressiva ou violenta, segundo ele, é o acúmulo de fatores de risco e a falta de proteção que levam a atos agressivos e violentos, não se pode afirmar que a violência na mídia seja o único ou principal fator de risco que desencadeia comportamento agressivo ou violento em jovens, mas se apresenta como um dos fatores de risco. Além do mais, a mídia violenta pode deixar as pessoas menos sensíveis à dor e ao sofrimento alheio. Quanto à dessensibilização à violência na mídia, o processo é provavelmente gradual e inconsciente, ocorrendo como resultado de apresentações repetidas de violência, conforme necessário, justificado e divertido.

 

Referências

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ANDERSON, C.A. et al. Screen violence and youth behavior. Pediatrics, v. 140, (Suppl 2): S142-S147, Nov. 2017.

BROWNE, K. D.; HAMILTOM-GIACHRISTSIS. The influence of violent media on children and adolescents: a public-health approach. The Lancet, v. 365, n. 9460, p. 702-710, Feb. 2005.

EARLES, K.A.; at al. Media influences on children and adolescents: violence and sex. J Natl Med Assoc, v. 94, n. 9. p. 797-801, set. 2002.

HUESMANN, L. R. Nailing the coffin shut on doubts that violent video games stimulate aggression: comment on Anderson et al. (2010). Psychological Bulletin, v. 136, n. 2, p. 179-181, 2.010.

MCGINTY, E. et al. News media framing of serious mental illness and gun violence in the United States, 1997-2012. Am J Public Health, v. 104, n. 3, p. 406-13, Mar. 2014.

NEWMAN, K., Fox C, Roth W. Rampage: The Social Roots of School Shootings. New York, NY: Basic Books; 2005.

WONG, C. A.; MERCHANT, R. M.; MORENO, M.A. Using social media to engage adolescents and young adults with their health. Healthc (Amst), v. 2, n. 4, p. 220- 224, 2014.

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