(Des)mistificando a Pesquisa Jurídica: Tenhamos método e nos afastemos de ideologias

(Des)mistificando a Pesquisa Jurídica: Tenhamos método e nos afastemos de ideologias

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O estigma carregado pela pesquisa científica, há anos vem sendo o calcanhar de Aquiles dos cientistas. Isto, porque, alguns confundem pesquisa metodológica científica com ABNT, outros, como resenha desconectada de padrões científicos lógicos para fins de apresentação e, infelizmente, a esmagadora maioria, ainda não entendeu que não se trata de palavras ao vento.

Pré-requisito para tornar-se bacharel em direito é a elaboração de trabalho de conclusão de curso, com rigor científico e harmônicas passagens metodológicas. Ao servir como meio para possibilitar a conclusão da etapa “graduação”, o TCC é o vilão do período pré-formatura. O fato é que esse momento – na maioria das vezes –, torna-se um trauma para os alunos, diante de uma série de desafios apresentados pelo mesmo. Se este é o seu caso, esse texto é para você.

Desmistificar a pesquisa portanto, passa por fases prévias, porém simples. Basta que a pesquisa jurídica seja vista como meio de propagação de pensamentos coerentes e propulsores de novas ideias. Por isso, é bom lembrar que fazer pesquisa séria não é tornar o caminho juscientífico ponte para ideologismos políticos, ou mesmo oportunidade para incentivar pensamentos não cientificamente comprováveis, mas instrumento sólido, onde, se andarilhado através de trilha coerente, todo e qualquer outro pesquisador poderá (também) percorrê-lo

Especialmente aos acadêmicos do direito, a mística da dificuldade da pesquisa ainda se faz mais complexa, pois estes, que transitam por assuntos perigosos e socialmente debatidos, acabam por flertar com questões ideológicas, mesmo indiretamente. Exato momento então, em que se perde a maestria acadêmica, e faz-se política onde dever-se-ia cientificizar ideias. Com isso, muitas vezes, os (quase) bacharéis esmorecem pela dificuldade de afastar o mundo de opiniões próprias e não científicas, daquilo que realmente importa: a ideia metodologicamente testada e de possível verificação.

Em que pese possa parecer uma empreitada deveras complexa, a verdade é que o trabalho de conclusão não é nada mais, nada menos, do que uma reflexão (mais profunda) de certa área que mais lhe apetece academicamente falando. Por exemplo, se o futuro bacharel gosta da parte que envolve o estudo da criminologia, é certo que o TCC dele será sobre algo voltado ao crime, assim como se ele é um entusiasta do Direito do Trabalho, evidente que a análise estará voltada ao futuro das relações laborais, e assim por diante.

A verdade é que a “má fama” conquistada pelo fantasma do trabalho de conclusão é fruto de um efeito dominó sem fim, pois organização prévia é o melhor dos combustíveis para eliminar a – não tão boa – reputação deste malvado não favorito. Aliás, em tempos em que os escritos são valorizados pelo número de downloads e a Inteligência Artificial serve como instrumento aliado de pesquisa, estigmatizá-la não deve ser mais uma opção, sobretudo pelo universo de portas que esta análise profunda de certo assunto pode ao graduando causar.

Enfim, olhemos com olhos de quem bem-enxerga a pesquisa que não possui mistérios1 . E para isso, basta que o aluno saiba definir com precisão a sua área de afeto, faça planejamento adequado e factível – com a sua realidade, observe os prazos da IES e escolha orientador que tenha afinidade com o assunto para bons-direcionamento acadêmicos. O resto é história, ou melhor, linhas de escrita teórica-acadêmica.

 

Referências

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1.  FINCATO, Denise Pires; ALVES, Andressa Munaro. Pesquisa Jurídica (é realmente!) sem Mistérios: do Projeto de Pesquisa à Banca. 4. ed. Porto Alegre: Lex, 2023.

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