A relação entre a Inteligência Artificial (IA) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Com o avanço da IA em diferentes setores, torna-se evidente a sua capacidade de apoiar e acelerar o alcance dos ODS. No entanto, a aplicação dessas tecnologias também traz desafios éticos, sociais e regulatórios. Este trabalho apresenta uma análise detalhada dos principais benefícios e riscos da IA para os ODS, embasada em literatura científica e discutindo a necessidade de uma governança que garanta que a IA seja implementada de forma ética e inclusiva.
Os ODS foram estabelecidos pela ONU em 2015 como um plano de ação global para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade. Ao mesmo tempo, a IA emergiu como uma tecnologia que tem potencial transformador em múltiplas áreas, desde a economia até a saúde. Dessa forma, há um interesse crescente sobre como a IA pode contribuir para os ODS, embora se reconheça também que a sua aplicação sem regulamentação adequada pode gerar desigualdades e impactos ambientais adversos (Floridi, 2019).
Os 17 ODS abrangem uma ampla gama de questões sociais, econômicas e ambientais. A IA, quando orientada por princípios éticos e políticas de governança sólidas, pode contribuir significativamente para vários desses objetivos, como:
- ODS 3: Saúde e Bem-Estar – A IA permite avanços em diagnósticos médicos e tratamento personalizado, otimizando o atendimento e melhorando a qualidade de vida.
- ODS 4: Educação de Qualidade – Ferramentas de IA oferecem acesso a conteúdo personalizados, possibilitando uma educação inclusiva e de qualidade, especialmente para populações marginalizadas.
- ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima – Soluções de IA podem otimizar a eficiência energética e prever eventos climáticos extremos, ajudando na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Riscos e Desafios Éticos
Apesar das contribuições significativas para os ODS, a IA também traz desafios éticos e sociais, como o aumento da desigualdade, uso indevido de dados pessoais e discriminação algorítmica. Estudos demonstram que algoritmos de IA podem perpetuar vieses, impactando negativamente grupos minoritários (Zeng et al., 2021). Além disso, a IA exige grandes quantidades de dados e energia para treinamento, o que pode aumentar a pegada de carbono (Vinuesa et al., 2020).
Para mitigar os riscos associados ao uso da IA e maximizar seus benefícios, é crucial o desenvolvimento de uma governança baseada em princípios éticos e no respeito aos direitos humanos. De acordo com Floridi (2019), a governança da IA deve ser pautada pela transparência, responsabilidade e justiça, para assegurar que os algoritmos não reforcem desigualdades preexistentes. Essa governança deve ainda se alinhar aos ODS, garantindo que os benefícios da IA sejam amplamente distribuídos.
A IA representa uma oportunidade única para acelerar a agenda dos ODS, mas isso requer uma implementação responsável e sustentável. Governos, empresas e sociedade civil têm um papel crucial na construção de uma governança robusta que alie o avanço tecnológico com a proteção dos direitos humanos e o desenvolvimento sustentável. Assim, as políticas devem assegurar que a IA seja uma força inclusiva e ética, capaz de transformar positivamente a sociedade e contribuir de maneira significativa para os ODS.