Na última segunda-feira eu me deparei, por meio das redes sociais, com um episódio que ocorreu na sexta-feira passada, dia 16 de setembro de 2022. Fui surpreendido com o choro de Mathew, um menino de 5 anos que, atravessado pelos braços multiarticulados do racismo, perguntou para a sua mãe: “mãe, um dia eu vou ficar branco?”. A mãe do menino Mathew, ao ser indagada por seu filho que sofreu com os braços perversos do racismo — enquanto tecnologia de destruição — afirmou que aquela pergunta foi a “coisa mais dolorosa de ouvir”.
Mathew pergunta à sua mãe sobre a possibilidade se tornar branco, pois alguns garotos da sua escola, localizada na Zona Sul de São Paulo, disseram que ele era igual a “cocô”, em razão da cor da sua pele. Claudete Alphonsus, mãe de Mathew, relata que ele já apresentava desânimo e indisposição para ir à escola, evidentes desdobramentos das inúmeras violências que se somam à prática reiterada do racismo recreativo.
Querido Mathew, você ainda é muito jovem, mas saiba que não está sozinho. Muitos e muitas de nós tivemos que lidar com esse “trem” — não consigo fugir da minha mineiridade quando estou emocionado —, que aprendemos a chamar de racismo. Além disso, saiba que ele é como aqueles vilões de filmes que usam muitas armas, planos e instrumentos para derrotar as heroínas e os heróis. Mas lembre-se que as heroínas e os heróis sempre vencem, não porque o bem vence o mal, mas por que eles/as se organizam, se cuidam e enfrentam juntas e juntos, os seus reais inimigos.
Nós temos a pele linda, não há nada de errado ou feio em nós. O feio, na verdade, está no olhar daqueles que ainda enxergam o mundo através de lentes violentas e que são reinvenções de momentos históricos que não podem mais ser revividos, a não ser como crítica. O que fede como um “cocô”, Mathew, é o pensamento daqueles que perpetuam o racismo. Receba o meu abraço!
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