Este artigo tem como objetivo refletir sobre a violência no futebol, dentro e fora do estádio muitas vezes sob a desculpa; paixão a camisa do seu time e, ódio a camisa do time rival.
Falar sobre futebol vai muito além de se referir a um esporte, ele é muito mais do que isso, se transformou em um fenômeno social interligado com qualquer questão que envolva nossa sociedade. Essa violência se dá por conta dos confrontos violentos entre torcedores, as chamadas torcidas organizadas, na cidade de Belo Horizonte, por exemplo, a rivalidade entre torcedores do Atlético e Cruzeiro é constante; no ano de 2025 vários conflitos foram registrados como o caso narrado:
Integrantes das torcidas organizadas Máfia Azul e Galoucura entraram em confronto na noite desta quarta-feira (27) após o encerramento da partida entre Atlético e Cruzeiro, na Arena do Galo, em Belo Horizonte. Segundo a polícia, cerca de 100 integrantes da Máfia Azul armaram uma emboscada contra torcedores da Galoucura, que eram escoltados pelos militares. O ataque ocorreu na Avenida Tito Fulgêncio, esquina com a Rua Padre Machado, na região do Barreiro, a cerca de 5km do estádio.
Os agressores estavam com blusas de manga longa, capacetes e armados com bastões de madeira, pedras e fogos de artifício. O grupo lançou os objetos contra os torcedores rivais e também contra os policiais. Para dispersar o tumulto, os militares utilizaram balas de borracha e granadas. De acordo com o boletim de ocorrência, durante a ação da PM, foram ouvidos sons semelhantes a disparos de arma de fogo, vindos de ambos os grupos.
Após o controle da situação, os torcedores da Galoucura seguiram escoltados até a estação Barreiro. No local do confronto, a PM apreendeu bastões de madeira, um soco-inglês e fogos de artifício. Nenhum integrante da Máfia Azul foi preso. Segundo o registro policial, os torcedores fugiram em direção à Avenida Tereza Cristina. (Ferreira; Luz. G1).
A rivalidade entre torcedores sob o pretexto do amor à camisa perpassa os limites estaduais e, ganham contorno nacional, fazendo surgir um novo modelo de violência no futebol onde confronto entre uniformizadas transformam as rodovias em campo de batalhas, brigas modificando ruas e estradas. A pancadaria, muitas vezes, se mistura ao tráfego de veículos, provoca correria e terror em meio a carros com motoristas paralisados, e mancha de sangue, transformando as pacatas ruas em campo de guerra e a vegetação ao redor das rodovias em esconderijos, em junho de 2022, torcedores do Corinthians e do Goiás se enfrentaram em plena Marginal Tietê. Ademais, a rivalidade estadual também cria laços entre torcidas; em agosto de 2022, vascaínos brigaram com os pontepretanos em Campinas e receberam o auxílio da organizada do Palmeiras movimento denominado de aliança entre as torcidas.
Mais do que uma expressão de paixão clubística, as torcidas organizadas no Brasil têm consolidado, ao longo das décadas, um sistema de alianças forjado essencialmente para o enfrentamento. Em um cenário marcado por rivalidades intensas, 61 torcidas espalhadas pelo país se agruparam em cinco grandes blocos — União Punho Cruzado, União Dedo pro Alto, União Punho Colado, além dos coletivos regionais conhecidos como Lado A e Lado B. Formadas com foco na autodefesa e na preparação para embates, essas alianças atuam em dias de jogos, caravanas, encontros marcados ou disputas por território, funcionando como verdadeiras redes de proteção e ataque. Presentes em todas as regiões do país — com maior concentração no eixo Rio–São Paulo–Belo Horizonte, no Nordeste e no Centro-Oeste —, cada um dos cinco blocos carrega uma identidade própria. Símbolos como punhos cruzados ou dedos erguidos servem não apenas como marcas visuais, mas como códigos de pertencimento e lealdade. Um exemplo recente dessa lógica de união voltada ao enfrentamento ocorreu em 27 de outubro de 2024, quando membros da Mancha Verde, do Palmeiras, atacaram a torcida Máfia Azul, do Cruzeiro. Durante a passagem da caravana mineira por Mairiporã, na Grande São Paulo, dois ônibus foram emboscados e incendiados. (CAMARANTE, 2025).
O ambiente do futebol brasileiro parece uma ‘’terra sem lei’’ e é justamente por isso que torcedores violentos encontram o cenário ideal para destilar suas raivas e atos violentos. Atos que fora do ambiente do futebol são crimes, são consideradas coisas comuns do futebol. Dentro de um estádio, durante um confronto entre torcedores, são encontrados diversos atos que estão presentes no Código Penal, há ofensa, ameaça, dano ao patrimônio, lesão corporal, roubo, rixa entre grupos, homofobia, racismo e violência contra a mulher. Em nome da paixão pela camisa, tudo isso são relevados e tratados como coisas comuns de um estádio. Esse é um dos motivos para que, a violência relacionada ao futebol em nosso país esteja longe de ter um fim. Quando há confrontos entre as torcidas, o punido era e, é o clube, enquanto que os torcedores dificilmente eram identificados, visando coibir essas ações a lei geral dos esportes determina a necessidade da implantação da tecnologia em estádios com capacidade acima de 20 mil pessoas.
Art. 148. O controle e a fiscalização do acesso do público a arena esportiva com capacidade para mais de 20.000 (vinte mil) pessoas deverão contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores, assim como deverá haver central técnica de informações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente e o cadastramento biométrico dos espectadores. (BRASIL,2023).
Em Belo Horizonte, o cadastramento biométrico é uma realidade nos três estádios da cidade. A arena MRV Capacidade: 44.892 pessoas; Mineirão Capacidade: 61.890 pessoas; Operação: 100% implementado a infraestrutura e o sistema de reconhecimento facial em todas 128 catracas. Independência capacidade: 22.044 pessoas; Operação: 100% em todas as catracas do estádio; o que não impede que a violência esteja presente em vários jogos, visando coibir essa violência na capital mineira jogos entre Atlético e Cruzeiro são realizados com torcida única o que não impede que o amor pela camisa crie situações variadas de violência.
A violência nos estádios de futebol brasileiros é um problema que vem preocupando
autoridades e clubes há anos. Em 2022, ocorreram 129 incidentes violentos em partidas de futebol no Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para combater esse problema, a CBF, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, e o Ministério do Esporte estão trabalhando em um programa conjunto de combate à violência. Um dos pontos do programa é a implantação do reconhecimento facial nas entradas dos estádios.
O reconhecimento facial é uma tecnologia biométrica que identifica uma pessoa a partir de sua imagem facial. O sistema é rápido e preciso, e pode ser usado para identificar torcedores com antecedentes criminais ou que estejam proibidos de entrar no estádio.
O tratamento de dados biométricos para verificação de identidade não é proibido pela LGPD. No entanto, este tratamento envolve dados pessoais sensíveis, cuja eventual utilização inadequada pode implicar risco ou vulnerabilidade potencialmente mais gravosa para os titulares de dados. Por isso, os agentes que utilizam tais dados devem tomar medidas razoáveis para que o tratamento ocorra em estrita observância às normas e princípios previstos na LGPD, especialmente os relacionados à transparência e aos direitos dos titulares. (BRASIL, ANPD).
Com o reconhecimento facial, cada acesso é registrado digitalmente, permitindo monitoramento em tempo real, maior controle de público e, a possibilidade de responsabilização individual em casos de infração. A adoção da biometria facial no futebol brasileiro tem se expandido rapidamente. Representa um passo importante no cumprimento da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), pois trata as informações faciais como dados sensíveis, protegidos por protocolos rigorosos de segurança e criptografia.
Portanto, é necessária uma maior atenção das autoridades para que ocorra uma identificação e responsabilização a esses torcedores, além de elaborar técnicas para uma melhor preparação aos policiais responsáveis pelo evento esportivo, de modo que ajam de maneira preventiva e não repressiva.
Os clubes e torcedores brasileiros devem criar medidas de segurança para que a paixão pela camisa não seja motivo de violência, mas de felicidade e, que possamos ter novamente em Belo Horizonte jogos entre Atlético e Cruzeiro com duas torcidas no Mineirão ou na Arena que prevaleça o amor pela camisa.
Referências
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BRASIL. https://www.gov.br/anpd/pt-br/assuntos/noticias/anpd-fiscaliza-uso-de-sistema-de-reconhecimento-facial-na-venda-de-ingressos-e-na-entrada-de-estadios-por-23-clubes-de-futebol.Acesso 16.out.2025.
BRASIL, Lei geral do esporte. Disponível em: site. Acesso .16 out.2025.
CAMARANTE, André. Mapa da Guerra: Como se formam as alianças entre torcidas organizadas no Brasil. https://www.lance.com.br/fora-de-campo/mapa-da-guerra-como-se-formam-as-aliancas-entre-torcidas-organizadas-no-brasil.html
FERREIRA, Ana Carolina; LUZ, Patricia. Torcidas organizadas de Atlético e Cruzeiro entram em confronto após clássico em BH. Disponível em: site. Acesso.16 out.2025.
 
				 
															


