A China emergiu como uma potência global no campo da inteligência artificial (IA), destacando-se em diversos aspectos, desde a produção acadêmica até o desenvolvimento tecnológico. Este artigo analisa o panorama da pesquisa acadêmica e do desenvolvimento da IA na China, comparando-os com outros países, com base em artigos científicos e relatórios disponíveis na internet.
Produção Acadêmica e Patentes
A China tem se destacado significativamente na produção acadêmica relacionada à IA. De acordo com um estudo de Min et al. (2023), o país ultrapassou os Estados Unidos em volume de publicações científicas na área de Inteligência Artificial.
Além disso, a China lidera o registro de patentes em IA generativa, com mais de 38.000 invenções registradas entre 2014 e 2023, enquanto os Estados Unidos registraram 6.276 no mesmo período (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL, 2024).
Investimentos e Políticas Governamentais
O governo chinês tem implementado políticas agressivas para promover o desenvolvimento da Inteligência Artificial. Desde 2017, a China estabeleceu planos para liderar o mundo em pesquisa e aplicação de IA até 2030, incentivando investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento, bem como na aplicação industrial da tecnologia (HIRATUKA; DIEGUES, 2021).
Empresas como Alibaba, Tencent e ByteDance têm aumentado expressivamente seus gastos com IA, buscando superar restrições e expandir sua infraestrutura tecnológica (EXAME, 2024).
Segundo o relatório Artificial Intelligence Index 2023 da Universidade de Stanford, a China ultrapassou os Estados Unidos em número de artigos científicos publicados em IA, representando aproximadamente 40% de todas as publicações globais no setor (ZHANG et al., 2023).
Além disso, um estudo da Nature (LIU et al., 2022) aponta que as universidades chinesas, como a Universidade de Pequim e a Tsinghua University, estão entre as instituições mais influentes em IA, com forte impacto em citações acadêmicas.
O sucesso da China na pesquisa de IA pode ser atribuído a três fatores principais:
- Política governamental ativa: O plano “China 2030 AI Development” estabelece metas claras para tornar o país líder absoluto em IA até 2030.
- Financiamento robusto: Apenas em 2022, a China investiu mais de US$ 60 bilhões no setor de IA, segundo dados do China AI Development Report (2023).
- Colaboração universidade-indústria: Parcerias estratégicas com empresas como Baidu, Alibaba e Tencent impulsionam a inovação e a aplicação comercial das pesquisas acadêmicas.
Educação e Formação de Talentos
A educação desempenha um papel crucial na estratégia da China para se tornar líder em IA. O país tem implementado políticas educacionais específicas para formar profissionais capacitados na área, integrando a IA nos currículos escolares e universitários. Essa abordagem visa não apenas suprir a demanda interna por talentos, mas também consolidar a posição da China como líder global em tecnologia (ZHANG, 2024).
Desafios e Perspectivas Futuras
Além disso, a supremacia da China em IA tem consequências diretas para mercados globais. Empresas chinesas estão cada vez mais presentes na América Latina, África e Sudeste Asiático, oferecendo soluções baseadas em IA para vigilância, governança digital e serviços financeiros. Isso fortalece a posição estratégica da China na diplomacia tecnológica e no comércio internacional.
Apesar dos avanços, a China enfrenta desafios significativos, como a necessidade de equilibrar o controle governamental com a inovação tecnológica e a competição internacional acirrada.
As restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos, por exemplo, têm levado a China a investir em soluções domésticas para reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras (REUTERS, 2025). Além disso, a implementação eficaz de IA em diversos setores requer não apenas investimentos financeiros, mas também a criação de um ambiente que favoreça a inovação e a colaboração internacional.
A China também lidera em pedidos de patentes relacionados à IA. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, 2023), o país responde por mais de 50% das patentes globais de IA, destacando-se em áreas como aprendizado profundo, reconhecimento facial e redes neurais.
Esse volume de inovação reflete o ecossistema de pesquisa acadêmica aplicada, onde pesquisadores desenvolvem soluções diretamente vinculadas ao mercado. O modelo chinês de pesquisa aplicada se diferencia dos modelos ocidentais mais voltados à ciência básica, conferindo ao país uma vantagem competitiva na adoção de novas tecnologias em setores como saúde, finanças e segurança pública.
Impactos Geopolíticos e Econômicos
A dominância chinesa na pesquisa e no desenvolvimento da IA gera impactos geopolíticos significativos. Os Estados Unidos e a União Europeia têm reforçado suas políticas de contenção e regulamentação tecnológica para limitar a influência chinesa no setor, resultando em restrições à exportação de semicondutores e ao uso de tecnologia chinesa em infraestrutura crítica (BROWN; MILLER, 2023).
Além disso, a supremacia da China em IA tem consequências diretas para mercados globais. Empresas chinesas estão cada vez mais presentes na América Latina, África e Sudeste Asiático, oferecendo soluções baseadas em IA para vigilância, governança digital e serviços financeiros. Isso fortalece a posição estratégica da China na diplomacia tecnológica e no comércio internacional.
Conclusão
A China demonstrou um crescimento notável na pesquisa acadêmica e no desenvolvimento da inteligência artificial, posicionando-se como líder em várias métricas globais. No entanto, a liderança em IA não se resume apenas ao volume de publicações ou patentes, mas também à qualidade e à capacidade de transformar pesquisa em aplicações práticas que beneficiem a sociedade.
Nesse sentido, a China continua a enfrentar desafios e oportunidades enquanto busca consolidar sua posição (em caráter geral) no cenário global da inteligência artificial.
Todavia, a China consolidou sua posição como a maior potência mundial em pesquisa acadêmica e desenvolvimento de Inteligência Artificial. O volume de publicações científicas, patentes e investimentos demonstra um esforço coordenado para atingir a liderança global. O impacto desse avanço se reflete tanto na economia quanto na geopolítica, tornando a IA um dos principais pilares da estratégia chinesa para o século XXI. Com isso, outros países precisarão investir mais agressivamente em IA para não ficarem dependentes da inovação chinesa.