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Automação e inteligência artificial: seremos (nós humanos) substituídos? Parte 02 – Automação e Mercado de Trabalho

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A partir de Sistemas Cyber-Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis. A avaliação do seu impacto será crucial para o desenvolvimento de políticas que promovam mercados de trabalho eficientes em benefício dos trabalhadores, empregadores e sociedades no seu conjunto.

O termo Indústria 4.0 surgiu publicamente em 2011 na Alemanha, na feira de Hannover. A Tendência desse novo modelo industrial baseia-se na forma de descrever a tendência da digitalização e automação do ambiente de manufatura.1

IoT

A Internet das coisas (Internet of Things – IoT) consiste na conexão em rede de objetos físicos, ambientes, veículos e máquinas, por meio de dispositivos eletrônicos embarcados que permitem a coleta e troca de dados. Sistemas que funcionam à base da Internet das Coisas e são dotados de sensores e atuadores são denominados de sistemas Cyber-físicos e são a base da Indústria 4.0.

Big Data Analytics são estruturas de dados muito extensas e complexas que utilizam novas abordagens para captura, análise e gerenciamento de informações. Aplicada à indústria 4.0, a tecnologia de Big Data consiste em 6Cs para lidar com informações relevantes: Conexão (à rede industrial, sensores e CLPs); Cloud (nuvem/dados por demanda); Cyber (modelo e memória); Conteúdo, Comunidade (compartilhamento das informações) e Customização (personalização e valores).

A Segurança é um dos principais desafios para o sucesso da quarta revolução industrial, além da robustez dos sistemas de informação. Problemas como falhas de transmissão na comunicação máquina-máquina, ou até mesmo eventuais “engasgos” do sistema podem causar transtornos na produção. Com toda essa conectividade, também serão necessários sistemas que protejam o know-how da companhia, contido nos arquivos de controle dos processos.2

É notório que a Inteligência Artificial (IA) e a robótica têm ganhado uma colaboração gigantesca mundialmente para vários tipos de fins. A crescente procura e a proeminência da robótica têm tornado a vida extremamente fácil. No entanto, simultaneamente, surge uma hostilidade demasiadamente preocupante para os seres humanos, uma vez que os robôs estão a ocupar todos os postos de trabalho no mundo industrial. Os robôs estão trazendo produtividade e, ao mesmo tempo, diminuindo as oportunidades de emprego.

Healy e Riain assinalam para o fato de que as inovações tecnológicas podem afetar o emprego em dois aspectos principais, a saber: deslocar diretamente os trabalhadores das tarefas que anteriormente desempenhavam (efeito de deslocamento) e aumentar a procura de mão-de-obra nas indústrias ou empregos que surgem ou, ainda, desenvolver-se devido ao progresso tecnológico (efeito de produtividade).3

Os robôs já assumiram todos os trabalhos de colarinho azul (normalmente realizam trabalhos manuais ou braçais) e ainda, podem realizar trabalhos duros e mal pagos em horários pouco sociais, gerando uma enorme quantidade de conforto para o mundo. Há uma grande possibilidade de as gerações futuras verem os robôs como professores e prestadores de cuidados assim que os robôs estejam a aprender com sucesso sentimentos como compaixão e sensibilidade de resposta complexa.4

Predominantemente nas indústrias dos países desenvolvidos (países com elevados custos de mão-de-obra), a automatização e a utilização de robôs de produção causam economias significativas no que diz respeito ao custo da mão-de-obra e dos produtos. Um robô de produção pode assim custar mais barato do que um trabalhador na China. Outra característica é que os robôs não adoecem, têm filhos ou entram em greve e não têm direito a férias anuais.

Além dos robôs, com baixo grau de aprendizado de máquina, os robôs dotados de inteligência artificial têm contemplado um vasto campo e abrindo caminho no domínio dos cuidados de saúde, das empresas e do setor social. O conceito de IA e robótica é baseado num agente chamado ‘ator’. Um ator é considerado um componente de software, e tem uma montagem única da estrutura de hardware do robô. A ligação única entre o ator e a estrutura física do robô permite o controle do robô através do ator. O componente de software utiliza sensores para a leitura dos dados. Após completar o processo de leitura, o robô decide tomar a ação seguinte e dar instruções aos seus executores para atuarem fisicamente no ambiente.5

Uma máquina inteligente não precisa confiar em componentes externos e pode trabalhar infalivel e continuamente 24horas por 7 dias, e pode trabalhar em zonas de perigo. Como implicação, a sua precisão é maior do que a de um ser humano, e não pode ser desviada nem pela fadiga nem por outras circunstâncias externas.

Em seu estudo sobre o Impacto da Inteligência Artificial no futuro das oportunidades de trabalho, Shaukat afirma haver a previsão, que em 2025, os robôs serão contratados para cerca de 3,5 milhões de empregos onde não haverá bons empregos de escritório para as pessoas. De acordo com o relatório, em 2025, não haverá necessidade de enfermeiros para as pessoas mais velhas porque os robôs desempenharão o serviço de cuidados.6

Uma forma de compreender as capacidades da IA (e o provável impacto no mercado de trabalho) é perguntar quais as profissões que compõem as tarefas que a IA pode desempenhar. Os investigadores em geral referem-se a estas ocupações como sendo “expostas” à IA. Note-se que “mais expostas”. não significa necessariamente que o mais provável seja substituído por IA, uma vez que os estudos se baseiam em avaliação da viabilidade técnica da IA, e são limitados na sua consideração de outros fatores. Além disso, “menos expostos” à IA não significa necessariamente que essa ocupação escapa ao risco da automatização. Algumas destas profissões estão expostas a outras tecnologias, que já conduziram ou poderiam conduzir à sua automatização.

Will Robots Take My Job

A McKinsey & Company, firma global de consultoria estratégica, divulgou em 2018 que cerca de 800 milhões de pessoas perderão seus empregos até 2030, sendo substituídas por robôs e por programas munidos de inteligência artificial. O site www.willrobotstakemyjob.com apresenta uma lista de 702 profissões que serão impactadas – em diferentes níveis – pela tecnologia e ainda, possibilita a consulta do risco potencial de automação em cada uma dessas profissões.

Quer a IA tenha um impacto positivo ou negativo no emprego, seria de esperar o impacto ser mais forte nas profissões ou sectores que mais dependem das tarefas que a IA pode realizar ou aprender. Talvez, a limitação mais importante dos sistemas de IA é que são dispositivos para responder a perguntas, não para as colocar. Isto significa que empresários, inovadores, cientistas, criadores, e outros tipos de pessoas que descobrem o problema ou a oportunidade para resolver e seguir, ou que novo território explorar, continuarão a ser essenciais. Pensem nisso: A inovação e criatividade sempre tiveram seu lugar no mundo?

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Heloisa Helena de Almeida Portugal

 

Referências

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1. VELLO, A. C. P.; VOLANTE, C. R. O CONCEITO DE INDÚSTRIA 4.0 E OS PRINCIPAIS DESAFIOS DE SUA IMPLANTAÇÃO NO BRASIL. Revista Interface Tecnológica, v. 16, n. 2, p. 325–336, 21 dez. 2019.

2. SILVEIRA, C. B. Indústria 4.0: O que é, e como ela vai impactar o mundo.Citisystems, 11 fev. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3plTeXO. Acesso em: 23 fev. 2022

3. HEALY, A.; RIAIN, S. How to escape the low learning trap in a runaway labour market. In: [s.l: s.n.].

4. SHAUKAT, K. et al. The Impact of Artificial intelligence and Robotics on the Future Employment Opportunities. Trends in Computer Science and Information Technology, v. 5, n. 1, p. 050–054, 15 set. 2020.

5. LEE, K.-F. Inteligência Artificial: Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamentos, trabalhamos e vivemos. Tradução Marcelo Barbão. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.

6. SHAUKAT, K. et al. The Impact of Artificial intelligence and Robotics on the Future Employment Opportunities. Trends in Computer Science and Information Technology, v. 5, n. 1, p. 050–054, 15 set. 2020.

JAISWAL, A.; ARUN, C. J.; VARMA, A. Rebooting employees: upskilling for artificial intelligence in multinational corporations. The International Journal of Human Resource Management, v. 0, n. 0, p. 1–30, 16 mar. 2021.

XIA, F. et al. Internet of Things. International Journal of Communication Systems, v. 25, n. 9, p. 1101–1102, set. 2012.

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