A sociedade experienciou, e ainda hoje vivencia, inúmeras alterações, notadamente nas últimas décadas com o advento cibernético, de modo que hoje o a conjuntura na qual a sociedade se estabelece é, por muitos indivíduos, descrita como uma sociedade contemporânea.
A referida conjuntura social possibilita a ocorrência de um rico caldo cultural de alta mutabilidade, o qual, por sua vez, permite uma significativa alteração da cultura e da sociedade por meio dos espantosos avanços tecnológicos.
Verifica-se que o surgimento de novas tecnologias comunicacionais como a da internet, os computadores, tablets e os smartphones reformularam de modo profundo o modelo de comunicação entre os indivíduos distribuídos pelo mundo, isso pois, a comunicação passa a ser exercida de forma descomplexificada e instantânea, independentemente da distancia entre os interlocutores.
Em um complexo contexto digital novos costumes e práticas se apresentam com grande celeridade. Comentar, curtir e compartilhar, termos que há poucos anos não compunham o vocabulário diário das pessoas, hoje, indubitavelmente compõem o vocabulário de todas as pessoas, seja em ambiente digital, ou não, de modo que toda essa alteração cultural permite que exsurja aquilo que se denomina como Cibercultura.1
Nesse novo paradigma social as relações humanas se modificam de modo significativo, de modo que hoje, não é possível cogitar relações meramente interindividuais, isto é, entre dois indivíduos isoladamente, posto que as relações contemporaneamente seguem a lógica da interconexão. Nesse sentido, em uma conexão por meio da rede a relação entre dois indivíduos se extrapola, de modo a permitir que outros indivíduos vinculados a qualquer um desses se conectem à nova figura, direta ou indiretamente.
Constata-se, ademais, a formação de comunidades por interesses ou afinidades. Esses grupos, muitas vezes, não possuem proximidade geográfica, todavia pelos gostos em comum criam um elo por intermédio da internet e, em especial, das redes sociais, criando assim amplas comunidades com interesses específicos. 2
A corroboração dos elementos que compõem a cibercultura possibilita a formação do que se denomina de inteligência coletiva, permitindo a aquisição e compartilhamento amplo, dinâmico e imediato de conhecimento, informações e dados, como forma de democratização do saber.
Faz-se necessário explicitar que a cibercultura não se limita ao universo digital, influenciando direta e indiretamente a vida de todas as pessoas. Nesse contexto André Lemos conjectura acerca das cibercidades. Sustentando que a cidadania se altera no contexto da cibercultura, conformando-se as novas tecnologias e empregando elementos digitais no exercício da vida dentro da cidade. 3
Complementarmente, Francisco Rüdger compreende a cibercultura de modo multifacetado, sendo essa capaz de revelar um sentimento formativo para o indivíduo, sinalizar uma mutação no progresso da espécie, e, concomitantemente, exterioriza-se como um folclore do homem contemporâneo, própria expressão avançada da indústria cultural e de uma era sujeita ao pensamento tecnológico.4
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Clayton Douglas Pereira Guimarães
Glayder Daywerth Pereira Guimarães
Referências
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1. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2010.
2. CHAMPANGNATTE, Dostoiewski Mariatt de Oliveira; CAVALCANTI, Marcus Alexandre de Pádua. Cibercultura – perspectivas conceituais, abordagens alternativas de comunicação e movimentos sociais. Revista de Estudos da Comunicação. v. 1, n. 41, 2015, p. 317.
3. LEMOS, André. Cibercidade: as cidades na cibercultura. Rio de Janeiro: E-Papers, 2004, p. 17-21.
4. RÜDGER, Francisco. Cibercultura e pós-humanismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p. 21.