A Saúde mental e física do colaborador é um dos maiores riscos da empresa, na atualidade, estando em jogo também a produtividade, reputação e a sustentabilidade do negócio.
O Ministério da Previdência Social elaborou uma pesquisa que aproximadamente, 473 mil benefícios foram concedidos em 2024, um aumento de 68% 2023.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em pesquisa realizada em 2022, informou que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido a problemas de saúde mental.
Nesse cenário um dos mecanismos importantíssimos é a Norma Regulamentadora 1 (da NR-1 – editada em 2019 e reeditada com o PGR), que entrará em vigor em 26 de maio de 2026 ( era 26 de maio de 2025). Não se trata apenas de uma Norma Regulamentadora, mas sim de um bússola para as empresas, um divisor de águas.
Antes, tínhamos o PPRA (programa de prevenção de riscos ambientais) e o PCMSO (programa de controle médico de saúde ocupacional).
Agora, o foco é na gestão contínua, na identificação proativa dos perigos e na avaliação dos riscos. Isso significa que a empresa não apenas documenta, mas planeja, executa, monitora e melhora constantemente suas práticas de segurança e saúde, através do PGR (Programa de Gerenciamento de Risco).
A NR1 determina a avaliação dos riscos psicossociais, após a implementação de políticas internas de acolhimento. (adoção de medidas de prevenção e controle) e finalmente o treinamento de lideranças para identificar sinais de sofrimento mental.
Diante deste novo paradigma, a adequação à NR-1 não deve ser encarada como um mero fardo burocrático ou um custo adicional.
Pelo contrário, representa uma oportunidade estratégica ímpar. Empresas que abraçam a gestão da saúde mental de forma genuína e proativa não apenas cumprem a legislação, evitando multas e passivos trabalhistas decorrentes do reconhecimento de doenças ocupacionais e ações de indenização, mas também colhem benefícios tangíveis e intangíveis que impactam diretamente seus resultados.
O que a NR1 traz de vantagem? Uma gestão eficaz dos riscos psicossociais traduz-se em:
- Redução do Absenteísmo e do Presenteísmo: Trabalhadores com a saúde mental em dia faltam menos e, quando presentes, estão mais engajados e produtivos. O “presenteísmo”, fenômeno no qual o empregado está de corpo presente mas mentalmente ausente e improdutivo, é um custo invisível que mina a eficiência operacional.
- Aumento da Produtividade e da Qualidade: Ambientes de trabalho psicologicamente seguros fomentam a criatividade, a colaboração e a inovação. Colaboradores que se sentem seguros e valorizados tendem a se dedicar mais à qualidade de suas entregas.
- Retenção de Talentos: Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o cuidado com o bem-estar torna-se um diferencial crucial na atração e, principalmente, na retenção dos melhores profissionais.
- Fortalecimento da Reputação e da Marca Empregadora: Empresas reconhecidas por cuidarem de seus colaboradores constroem uma imagem positiva perante a sociedade, investidores e clientes. A Lei nº 14.831/24, que instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, é um exemplo de como essa pauta ganha relevância pública e institucional, criando um selo de reconhecimento para as organizações que se destacam nessas práticas.
- Melhoria do Clima Organizacional e Redução de Conflitos: A gestão proativa de fatores como assédio e comunicação inadequada previne a deterioração das relações interpessoais, construindo um clima de respeito e confiança mútua.
Uma empresa mais segura é uma empresa mais produtiva. Menos acidentes, menos doenças ocupacionais, menos afastamentos. Isso se traduz em redução de custos com indenizações, multas, interdições e absenteísmo.
Investir em prevenção é lucrar a longo prazo.
Proteger a saúde mental dos colaboradores não é apenas uma questão de humanidade mas de estratégia de negócio inteligente. É uma questão de lucratividade sustentável.
Como fazer essa implantação?
- Mapear os riscos: O primeiro passo é a elaboração ou a revisão do Inventário de Riscos do PGR, que deve, obrigatoriamente, incluir uma análise detalhada dos fatores psicossociais. Isso pode ser feito por meio de ferramentas como questionários validados, entrevistas com os trabalhadores, análise de dados de saúde (afastamentos, queixas), e a criação de canais de escuta confidenciais e seguros. É preciso identificar os perigos específicos de cada função e ambiente: a pressão por metas na operação, a monotonia de certas tarefas, a dinâmica das equipes, o estilo de liderança, a organização das jornadas de trabalho, entre outros.
- Uma vez mapeados os riscos, o Plano de Ação deve prever medidas de controle, seguindo uma hierarquia que priorize a eliminação do risco na fonte. Isso pode envolver desde a revisão de processos e metas, passando por programas de capacitação para as lideranças sobre gestão humanizada e prevenção ao assédio, até a promoção de ações de conscientização e o oferecimento de suporte psicológico acessível e confidencial aos empregados e seus familiares.
- Cultura de Diálogo e Abertura: Criar um ambiente onde os trabalhadores se sintam seguros para expressar suas preocupações, sem medo de estigma ou retaliação. A NR-1 inclusive determina a participação de um psicólogo no levantamento desses riscos.
- Promover palestras, workshops e rodas de conversa sobre saúde mental.
- Identificação e Suporte Precoce: Treinar líderes e gestores para identificar sinais de estresse ou sofrimento mental em suas equipes. Oferecer acesso facilitado a profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, seja via convênio ou programas internos.
- .Ambiente de Trabalho Saudável: Ir além da NR-1 física. Reduzir a exposição a riscos psicossociais: excesso de cobrança, metas inatingíveis, assédio moral, jornadas exaustivas. Promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
- Engajamento e Pertencimento: Criar um senso de comunidade. Quando o colaborador se sente valorizado, parte de algo maior, sua saúde mental floresce. Isso se reflete em maior engajamento, menor rotatividade e aumento da produtividade.
- Investimento em Programas de Bem-Estar: Programas de atividade física, biblioteca. Tudo o que contribui para a saúde integral do indivíduo.
Lembrem-se: colaboradores saudáveis, física e mentalmente, são a base para uma empresa robusta e resiliente.