Retomamos a nossa coluna mensal prosseguindo com a apaixonante pauta esportiva no mundo de marcas.
Como dito anteriormente nesta coluna, nas últimas décadas, os atletas passaram a vivenciar uma mudança importante no rumo de suas carreiras. A paixão dos fãs de esportes passou a ser endereçada com investimentos polpudos nas marcas de seus ídolos.
O foco deste mês está em Michael Jordan, um dos maiores, senão o maior ícone do esporte mundial. O fenômeno do basquete já mobilizava multidões com o seu talento nos anos 80, sendo draftado (selecionado) na terceira posição em 1984 pelo Chicago Bulls. Além de ser um dos principais atletas da NBA em seu ano de calouro, Michael Jordan já chamava a atenção das marcas, tanto é que assinou contrato com a Nike ainda em 1984, sendo disputado pelas principais marcas de calçados e tornando-se um ícone cultural.
Olhando pelo lado da marca, a Nike – que sempre foi o maior patrocinador do Michael Jordan – tanto financeiramente quanto em termos de marketing, pagou a ele cerca de US$ 1,3 bilhão pela contagem da Forbes desde que assinou seu primeiro contrato. Trata-se do acordo de patrocínio de atletas mais rico de todos os tempos, mas também sem dúvida a maior pechincha. Isso porque o impacto de ter Michael Jordan em seu portfólio de atletas transformou a Nike de um azarão em uma das maiores e mais valiosas marcas de consumo do mundo. Esse cenário parece óbvio hoje, mas a realidade era diferente nos anos 80, com a Adidas liderando o mercado esportivo.
A Nike passou a ter um monopólio virtual no negócio de tênis de basquete, que já foi competitivo no passado. A participação da Nike no mercado de basquete de alto desempenho, leia-se profissional, foi de 86% em 2019, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado NPD. A dona do Swoosh reinou ainda mais isoladamente na categoria de basquete estilo de vida, com 96% de participação. Quase 80% dos jogadores da NBA usaram tênis da Nike ou da Jordan durante a temporada 2019-20, de acordo com o site de banco de dados de calçados Baller Shoes DB. Os nove principais modelos foram todos feitos pela Nike. Trata-se de um domínio absoluto em um mercado de altíssimo interesse financeiro.
Mas por que o contrato foi uma pechincha? Enquanto a Nike ajudou a tornar Jordan um bilionário – seu patrimônio líquido em 2019 era de US$ 2,1 bilhões. Com isso, a Nike deixou a Adidas e outros concorrentes no limbo – nesse mercado. A receita de US$ 40 bilhões da Nike em 2019 foi 60% maior que a da Adidas e 43 vezes maior do que era antes da existência da marca Jordan.
E o mais incrível é que Michael Jordan se aposentou definitivamente em 2003, aos 40 anos de idade e a marca continua forte, rendendo bilhões à Nike – a marca Jordan teve receita de US$ 3,1 bilhões no ano fiscal encerrado em maio de 2019. Com esse faturamento, a empresa anunciou um plano de expansão para os próximos anos.
Seguindo esse tema fascinante, o próximo encontro desta coluna seguirá nesse contexto, trazendo outros exemplos e aprofundando o impacto do licenciamento de marca. Nos vemos em breve.
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