Tendências em ESG E Compliance para o ano de 2025

Tendências em ESG E Compliance para o ano de 2025

compliance-direito

Mais um ano se encerra, com muitos acontecimentos no Brasil e no mundo, que impactam nas relações econômicas e, por consequência, em questões de ESG e compliance.

Como abordado nessa coluna, uma região do país foi profundamente abalada por uma grande catástrofe ambiental, lembrando-se das enchentes que acometeram o Rio Grande do Sul, em maio do corrente ano.1 Também foi um ano de eleições, em que a pauta ambiental e econômica marcou debates intensos em pleitos municipais e nas eleições nos EUA, em que essa coluna, igualmente, atentou para as práticas de assédio eleitoral.2

Ainda, o Brasil começou a conhecer um novo mercado, com a regulação das “Bets”,3 bem como está adaptando novos modelos de relações de trabalho à realidade contemporânea do mercado e da sociedade.4 Por fim, podem ser citados os impactos das novas tecnologias nas relações empresariais, como a inteligência artificial5 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.6

Dessa maneira, foi um ano muito intenso para os setores de ESG e compliance, que estão na linha de frente da adaptação das empresas aos novos contextos mercadológicas. Diz-se, há muitos anos, que quem sobrevive não é o mais forte ou mais veloz, mas quem melhor se adapta ao ambiente. Assim, é nessa toada que o artigo de final de ano dessa coluna, vai trazer algumas tendências do ESG e compliance para 2025.

Uma primeira propensão é a consolidação dessas áreas dentro de grandes empresas e o fortalecimento do ESG e compliance em empresas de médio e pequeno porte. Os impactos de questões sociais, ambientais e de boa-governança, não podem mais ser ignorados por nenhum ator da economia. Assim, quem já investiu em departamentos desse tipo, deve continuar com a proposta e ampliar o investimento; quem ainda não começou, é uma boa ideia incluir no planejamento estratégico do seu negócio.

O ano de 2025 deve ser marcado pelo avanço de agendas vinculadas ao ESG e compliance. Diante disso, um dos maiores impactos que as empresas sofrerão, senão o maior, é o ingresso da Inteligência Artificial e automação, nas práticas empresariais. Além disso, com a consolidação da LGPD, na forma de um grande marco legal para a regulação das empresas, os negócios deverão se preparar para a gestão e análise massiva de dados, talvez a grande commodity do futuro.

O Judiciário já começa a utilizar inteligência artificial para rotinas processuais; Elon Musk, guru da área a nível mundial, ganhou papel de protagonista no Governo recém-eleito nos EUA de Trump, com a atribuição de reduzir gastos públicos e aumentar a eficiência do serviço público; carros autônomos já são realidade e os veículos movidos à eletricidade começam a dominar o mercado; e assim por diante.

Ademais, deve ser levado em consideração que 2025 marca a metade de uma década chave para mudanças a nível mundial. Empresas e governos definiram o ano de 2030 como meta para várias modificações de práticas globais, principalmente, pela adoção de práticas mais sustentáveis, em busca da preservação do meio ambiente e combate ao aquecimento global.

Logo, será um ano e tanto para o ESG e compliance, em que agora serão listadas algumas áreas para as empresa atentarem nos seus respectivos planejamentos estratégicos:

Eixo “E” – Meio ambiente

Do ponto de vista do meio ambiente, além de temáticas já surradas, como combate ao aquecimento global e a preocupação com a preservação da fauna e a flora mundial, o aumento da demanda energética da humanidade entra na pauta. A inteligência artificial e os carros movidos à eletricidade devem alterar o modelo de energia global.

Por exemplo, a inteligência artificial, para seu funcionamento pleno e eficiente, exige enormes data centers que consomem milhares de quilowatts por hora; há dúvidas se a matriz energética atual terá potencial para atender esse novo padrão de consumo.

Carros elétricos, também, possuem uma “pegadinha”. Já existem até memes e piadas na internet, debochando de veículos movidos à eletricidade recarregando em geradores movidos a diesel ou gasolina. Logo, deve se atentar se os veículos elétricos representam, de fato, uma inovação mais sustentável ou se o processo deve ser mais profundo. Obviamente, que, apesar de utilizar de energias não renováveis para o abastecimento, veículos elétricos são infinitamente mais eficientes que os movidos à combustão, sendo sempre uma alternativa mais limpa.

A mudança do paradigma do combustível fóssil para o elétrico altera, também, o xadrez geopolítico mundial. A transição energética não irá mudar apenas o modelo de produção capitalista, mas vai impactar na balança do poder entre nações.

Ainda, correndo por fora, os biocombustíveis igualmente trarão impactos para a transição energética que se espera até 2030. A relevância do etanol ainda não foi bem compreendida, mas com certeza causará impacto nas mudanças climáticas dos próximos anos.

Toda a empresa, por mais singela que seja, está no meio desse debate. A nível de  negócios de pequeno e médio porte, já está se popularizando a adesão à consórcios de energia solar, como forma de reduzir despesas com eletricidade.

As corporações de grande porte precisam ficar atentas às mudanças no próprio mercado mundial e os impactos nas Bolsas de Valores. Cada vez menos as empresas poderão ignorar práticas sustentáveis, visto que o mercado consumidor está punindo as empresas que não prestam atenção na sustentabilidade.

Assim, o meio ambiente, com certeza, é uma prioridade no futuro.

Eixo “S” – Social

Do ponto de vista social, as empresas terão que lidar com o ingresso da Geração Z no mercado de trabalho, a consolidação dos Millenials como líderes e o impacto dessas novas realidades na Geração Y. Ainda, os Boomers não se afastaram do mercado de trabalho, seja por necessidade, seja pela ressignificação do idoso, já que muitas pessoas com mais de 70 anos, continuam ativas no mercado de trabalho.

Afora isso, modelos de publicidade mais inclusivas e releituras das mensagens passadas pelas marcas são desafios a serem enfrentados. A “Jaguar”, por exemplo, não parece ter sido muito feliz em tentar alcançar a Geração Z, sendo acusada de passar por uma crise de identidade7 em recente rebranding.

Existe uma realidade muito peculiar na contemporaneidade, com o mercado de trabalho e o público consumidor atingido pessoas dos 18 anos aos 80 anos, e vai surgir uma dificuldade de agradar a todos. Obviamente, que as marcas devem buscar ser mais inclusivas, mas isso deve ser feito com cuidado e de maneira que os negócios não percam sua essência.

Por fim, as empresas terão que lidar com o ingresso de mão-de-obra de inteligência artificial e o desafio de manter um mercado consumidor que tenha renda para continuar comprando bens, em atenção à Lei de oferta e demanda, que até hoje rege a economia. Assim, empregadores não poderão simplesmente automatizar tudo com IA, na esperança de reduzir custos, mas precarizar o trabalho de forma que reduza a renda dos consumidores. Esse último desafio é o maior de todos, pois implicará num perigoso cálculo custo/benefício.

Eixo “G” – Governança

A população está reagindo com cada vez mais revolta com escândalos de corrupção e roubo de dinheiro público. Portanto, as empresas terão que se tornar cada vez mais sérias e transparentes. A gestão de dados dos usuários, também, é uma questão que não poderá escapar da boa-governança.

Além disso, o conflito intergeracional dos empregados vai impactar na forma de governança das pessoas. O desafio será tornar uma equipe com profissionais com 60, 45, 31, 25 e 18 anos, efetivamente funcionar. Sem um trabalho harmonioso e em equipe, nenhuma empresa funciona.

Ainda, todas as práticas de sustentabilidade e sociabilidade passam pela governança, que vai ter que se adaptar a essa nova realidade.

Compliance

O compliance avança à medida que o ESG avança. Agora os departamentos de compliance deverão ficar mais atentos à proteção ambiental, evitando a prática de crimes específicos, bem como priorizar condutas éticas e que não sejam coniventes com a corrupção e o suborno. O futuro pertence a empresas éticas e transparentes, não haverá margem de tolerância.

O ano de 2025 se aproxima, cheio de esperança e novas oportunidades. Que possamos todos, enquanto humanidade, construir um futuro melhor. O ESG é um bom caminho, se bem utilizado.

 

Um Feliz Natal e um próspero 2025 a todos os leitores dessa coluna. Até o próximo ano!

 

Referências

____________________

1. Disponível em: link.

2. Disponível em: link.

3. Disponível em: link.

4. Disponível em: link.

5. Disponível em: link.

6. Disponível em: link.

7. Disponível em: link.

Compartilhe nas Redes Sociais
Anúncio